Os Farmacos e a Saúde

Nesse texto iremos abordar os riscos que os medicamentos trazem. Trataremos da ação de alguns medicamentos no organismo e os males que podem causar se utilizados de forma descontrolada.Assim , observamos que  a cultura da automedicação no Brasil é muito forte.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde o uso adequado de medicamentos acontece quando o paciente recebe o medicamento apropriado, em doses adequadas à sua necessidade e por um período de tempo determinado.

Riscos da automedicação

Infelizmente a automedicação é um hábito no Brasil. Segundo o Conselho Federal de Medicina, 77% dos brasileiros fazem uso de medicamentos sem orientação médica, o que pode comprometer a saúde, tornando a pessoa ainda mais vulnerável aos riscos.

Segundo, a Anvisa estima que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados à ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta.

 

Medicamentos mais vendidos no primeiro semestre de 2021:

  • Antidepressivos
  • Analgésicos
  • Antiácidos

Segundo a matéria publicada na revista Isto é  “As armadilhas dos analgésicos”, especialistas alertam para os graves efeitos colaterais que o uso excessivo de analgésicos pode causar, dentre elas lesão renal, sangramento gastrointestinal e dependência.

Assim, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) revelou que os analgésicos estão com grande destaque entre os dez medicamentos que mais faturaram no mercado brasileiro.

Como os analgésicos agem?

  • Ao ser ingerido o medicamento vai para o estômago onde ocorre o processo de degradação do comprimido;
  • Em seguida, vai para o intestino para ser absorvido;
  • No fígado ele é metabolizado e as células hepáticas ativam ou desativam as moléculas que vão para a corrente sanguínea e atingem todos os tecidos;
  • A célula lesionada libera uma substância chamada prostaglandina, deixando a região sensível aos neurotransmissores, que enviam sinais ao cérebro (DOR). quando o analgésico chega naquela região, bloqueia a produção de prostaglandina reduzindo a sensação de dor, porque as células nervosas deixam de enviar a informação de dor para o cérebro.

O risco dos analgésicos para as dores crônicas

Dessa forma, os analgésicos demoram de 30 a 60 minutos para começar a agir e cessam depois de três a quatro horas.

Para as dores crônicas são necessários tratamentos mais longos, expondo o organismo por mais tempo aos efeitos danosos dos analgésicos.

 

O uso contínuo de analgésicos pode causar zumbido e perda auditiva

Segundo pesquisadores do Hospital de Brigham em Massachussets, Estados Unidos, analisaram a relação entre o uso de ibuprofeno e paracetamol com a perda auditiva.

Por 14 anos, os pesquisadores acompanharam 62.261 mulheres entre 31 a 48 anos de idade e 10012 apresentaram deficiência auditiva.

Como resultado, a pesquisa revelou que mulheres que tomam ibuprofeno ou paracetamol duas vezes por semana têm 13% de aumento de risco de contrair perda auditiva. Se usar mais de seis vezes por semana aumenta para 24% esse risco.

Por fim, os estudos sugerem que isso acontece porque os analgésicos podem reduzir  o fluxo sanguíneo da cóclea no ouvido, região responsável pela audição.

Analgésicos e problemas hepáticos

De acordo com trabalho publicado na revista científica “British Journal of Clinical Pharmacology” com cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, analisou, durante 6 anos, 663 pacientes encaminhados à Unidade Escocesa de Transplante de fígado por causa de problemas no órgão induzidos pelo uso do paracetamol.

Assim como, a pesquisa revelou que 161 pacientes que abusaram continuamente desses remédios, excedendo frequentemente a dose limite, tiveram efeitos colaterais piores do que aqueles que tomaram uma grande quantidade de comprimidos de uma única vez.

A overdose escalonada aumentou a gravidade das lesões e os riscos de morte e no decorrer do tempo o dano se acumula e o efeito pode ser fatal.

Analgésicos X arritmia cardíaca

Pesquisa dinamarquesa traçou uma relação entre o uso de analgésicos comuns e alguns tipos de arritmia cardíaca.

Avaliando mais de 30 mil pacientes, a pesquisa concluiu que os medicamentos podem levar a dois tipos de descompassos nas batidas do coração, aumentando o risco de paradas cardíacas, derrames e óbito.

Uso prolongado de remédios pode causar parada cardíaca

Paracetamol: aumenta a chance de ataques cardíacos em caso de uso prolongado e sem moderação. Estudo feito pelo Instituto Leeds for Rheumatic and Musculoskeletal Medicine mostrou que o princípio ativo da fórmula pode inibir a ação de mediadores de processos inflamatórios.

 

Anti-inflamatórios – ibuprofeno e diclofenaco: tendem a causar a agregação de plaquetas no sangue, que provoca coágulos, estreitamento de artérias, aumento de retenção de líquido e da pressão sanguínea, que podem trazer complicações cardíacas.

Anticoncepcionais cujo principal hormônio é o estrogênio estão relacionados com o aumento de risco de trombose venosa em mulheres. No entanto, o uso prolongado pode causar também o desenvolvimento de problemas cardiovasculares, como pressão alta e infarto do miocárdio.

Analgésicos na gravidez e na infância

Segundo o CDC americano, o uso de substâncias como a codeína, a oxicodona ou a hidrocodona, antes ou no início da gestação, está relacionado a defeitos como espinha bífida, hidrocefalia e glaucoma congênito.

Os cientistas também acreditam que os remédios elevam aproximadamente duas vezes os riscos de o bebê ter a síndrome de hipoplasia do coração esquerdo.
Um dos riscos da dose errada dos opioides é a desidratação infantil, pois por serem sedativos as crianças não comem ou bebem tanto quanto de costume. Elas não acordam ou não conseguem ingerir a quantidade necessária sob efeito das medicações.

Em alta quantidade pode levar à parada respiratória e até matar.

Analgésicos e a dependência

  • Um sinal importante é tomar analgésico preventivamente sem ter sintoma algum;
  • A dependência é mais grave e mais comum em relação a medicamentos da categoria dos anti-inflamatórios e derivados de opióides;
  • A dependência apresenta sinais físicos e psicológicos;
  • A pessoa sente falta dos remédios mesmo sem ter os sintomas de qualquer doença, e não consegue deixar de tomá-lo, ainda que queira evitar;
  • Tolerância: a pessoa necessita tomar cada vez mais comprimidos para ter o mesmo efeito
  • O indivíduo pode apresentar síndrome de abstinência, como boca seca, irritação e taquicardia;
  • No cérebro das pessoas que efetivamente se tornam dependentes, essa onda de alívio da dor ou prazer oferecida pelos medicamentos é interpretada como convite irrecusável;
  • Entre os mais sujeitos à dependência dos analgésicos e opioides estão os portadores de fibromialgia e de dores na coluna;
  • ATENÇÃO: profissionais da saúde também estão propensos a se tornarem dependentes.

Anamnese do paciente

É importante questionar o paciente sobre a queixa dele para saber se o problema é originário ou um efeito colateral de algum medicamento.

O uso diário de vários medicamentos está em ascensão e associado a vários riscos para a saúde.

Certas doenças geram mais polifarmácia que outras, e determinadas populações com essas doenças têm ainda mais probabilidade de tomar vários medicamentos por dia. A esclerose múltipla é uma delas.

Estudo recente constatou que dos 627 pacientes com esclerose múltipla que tomavam em média 5,3 medicamentos cada, cerca de 1 em 25 tiveram alguma interação farmacológica potencialmente grave e ⅔ tiveram pelo menos uma interação farmacológica potencialmente arriscada.

Estudo alemão descobriu que:

  • 77% das interações medicamentosas ocorreram entre medicamentos prescritos;
  • 19% ocorreram entre medicamentos prescritos e medicamentos sem receita médica;
  • 4% entre medicamentos sem receita médica.

Os idosos têm maior risco de polifarmácia, mas a fragmentação da medicina em diversas especialidades faz com que cada especialista indique um medicamento específico.

A interação dos medicamentos prescritos pelos diversos especialistas que a pessoa se vê obrigada a consultar pode gerar problemas.

Esses remédios podem interferir uns nos outros e não é possível prever como o paciente reagirá.

A partir do quarto medicamento, pode ocorrer efeitos colaterais sérios, a ponto de provocar dificuldade de raciocínio, perturbações do equilíbrio, quedas e outras alterações erroneamente relacionadas ao processo de envelhecimento.

Atenção com a desidratação em idosos

Durante o processo de envelhecimento existe perda progressiva da quantidade de água no organismo, uma vez que os mecanismos que a retêm não funcionam tão bem quanto na juventude.

Algumas situações agravam o quadro: o idoso não percebe que está com sede e não toma água, o calor intenso em determinadas épocas e o uso de diuréticos para controle de doenças cardiovasculares.

A desidratação pode evoluir para uma insuficiência renal e agravar o quadro pelo uso de anti-inflamatórios prescritos para dores.

A desidratação é um problema sério para as pessoas idosas e pode levar a óbito.

A matéria da Revista Istoé, intitulada “As armadilhas dos analgésicos”, aponta “o lado indesejável dos medicamentos” como:

Analgésicos comuns

  • Dipirona: reações alérgicas, queda de pressão arterial e da temperatura corporal. É considerado um medicamento seguro pela Anvisa, que mantém a venda no Brasil. A Dipirona, porém, está proibida em diversos países por suspeita de causar efeitos colaterais na medula óssea
  • Paracetamol: reações alérgicas e gastrointestinais, como diarréia, lesões no fígado e nos rins. Alcoolismo, desnutrição, certas doenças virais e a associação com outros remédios aumentam as chances de lesões no fígado, piora da função renal e sangramentos. É causa de hepatite tóxica fulminante.

 

Opioides (derivados sintéticos do ópio)

O consumo continuado eleva a tolerância e conduz à dependência química. Como não há dose máxima, aumentam-se as doses até atingir o alívio completo da dor.

Os efeitos mais comuns são enjoos, vômitos, tontura, pupilas contraídas, queda da pressão arterial quando a pessoa fica em pé, retenção de urina e prisão de ventre.

Alguns indivíduos podem apresentar confusão mental e alucinações.

A ocorrência de depressão respiratória é considerada um efeito grave, que necessita de socorro médico imediato. O consumo excessivo pode ser fatal.

Anti-inflamatórios com ação analgésica

  • Ácido acetilsalicílico: alergias de pele e respiratórias, azia e sangramento. O consumo prolongado ou exagerado aumenta o risco de hemorragia, gastrite e úlcera. Pode causar zumbido. O uso em doenças virais como a catapora e a gripe pode causar hepatite fulminante.
  • Ibuprofeno: Há chances de sentir náuseas e desconforto abdominal. O uso prolongado e contínuo pode levar a lesões renais, alterações na coagulação e distúrbios visuais.

Aumento da dor

O consumo de 15 doses de analgésico por mês já é considerado um abuso, podendo ocasionar a dor de cabeça crônica.

A medicação em excesso desestabiliza o mecanismo que é responsável pela sensação de dor, causando uma hipersensibilização, gerando a sensação de dor mesmo com estímulos menores.

Perda dos efeitos dos fármacos

Portanto, o uso desmedido de analgésicos, sem respeitar doses e intervalos e por longos períodos faz com que o organismo se torne resistente a ele, o que faz com que seus efeitos diminuam.

assim, após tomar o remédio e continuar sentindo a dor de cabeça, a pessoa consome doses ainda maiores na tentativa de eliminar a dor, aumentando o risco à saúde.

Intoxicação e morte
Intoxicação medicamentosa é decorrente da exposição a um medicamento em doses superiores àquelas usualmente empregadas para profilaxia, diagnóstico, tratamento ou para modificações de funções fisiológicas, podendo resultar em diferentes sinais e sintomas, a depender do tipo de medicamento e do metabolismo do fármaco.

A intoxicação pode ocorrer de forma acidental, quando resulta de automedicação, de erro na dosagem, de terapêutica inadequada, de troca de medicamentos ou de ingestão involuntária; ou intencional, quando relacionada ao abuso, ao uso indevido ou à autolesão.

Alguns dados relevantes

  • Entre 2009 e 2018, o Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox) registrou 254.135 casos de intoxicação no Brasil, com um total de 710 óbitos.
  • Desde 1994, os fármacos ocupam o primeiro lugar no ranking de intoxicações e o segundo lugar em número de óbitos.
  • Nos Estados Unidos, dados de 2018 indicam que mais de dois milhões de casos de intoxicação foram causados por medicamentos.
  • No Brasil, os medicamentos podem ser enquadrados como medicamentos de prescrição (MRx) ou medicamentos isentos de prescrição (MIP).
  • 97% das interações foram causadas por MRx, com mortalidade aproximadamente 50 vezes maior, quando comparada às internações por MIP.

Prejuízo para o funcionamento do estômago, fígado e rins

Portanto, se utilizado de forma excessiva ou inadequada, o remédio para dor de cabeça pode causar irritação no estômago e, nos casos mais graves, contribuir para o desenvolvimento de úlceras.

Bem como, outra preocupação é pelo fato de que os remédios são metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins, causando intoxicação hepática e insuficiência renal.

Assim, não há nada de errado nos medicamentos, desde que utilizados com cautela. O paciente sempre deve informar ao profissional de saúde todos os medicamentos que utiliza para que, se for um médico, não prescreva medicamentos que possam ter interações com os que já são utilizados.

Concluímos que o ideal é que se utilize menos medicamentos possível e adquira hábitos saudáveis e tratamentos não medicamentosos como a auriculoterapia neurofisiológica.

Referências

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